De quando a gente vira borboleta.
Igual ao pôr-do-sol na roça. A festa em que se dança ciranda, em saia rodada e flor nos cabelos. Sorriso de criança. Fruta tirada do pé. Banho de cachoeira. Caminhar de mãos dadas. Tocar violão para alguém. Andar de chinelos todo o tempo. Cachos desgrenhados, ao vento. Barulho de chuva como trilha sonora do sono. Bilhetinho escondido entre as folhas do caderno. Sorvete numa tarde de domingo.
É bater palmas. Lambuzar o rosto com a manga rosa em mãos. Caminhar descalço na grama. Dançar como se ninguém estivesse olhando. Um livro de García Márquez. Acreditar em paraíso. Colher uma flor para plantar afeto. Piada sem graça. Receber uma carta. Fotografia antiga. Família. Tempo frio. Filmes repetidos. Dedicatória em livro. Par ideal imperfeito.
É quase como coração acelerado e mãos suando. E um telefonema. Uma música do Teatro Mágico. Poesia. Rosto vermelho em timidez chamativa. Doce de leite da vó. Contar estrelas. Presentear constelações. Um cochilo depois do almoço. Um cafuné. Um encaixe. Uma tarde de folga. Passeio noturno em graça poética desordenada.
Ter fé em Deus. Encontrar afinidades infinitas. Desembarques. Esperar alguém, e vê-lo chegar. Ser mimado quando uma doença quer derrubar. Pirraça de irmãos. Coração que vira bateria. Olhares que se acariciam. Borboletas. Lágrima. É a harmonia de Por onde andei. Correr pro mar. Feriado. Brigadeiro de panela. Bico de zanga. Eu, menina.
Viagens. Estrada. Distâncias próximas. O norte-nordeste do Brasil. Filosofia barata ao som de um brega qualquer. É mistura de sotaques. Os acordes deles. As gargalhadas escandalosas delas. Um show dos Titãs. A flor de azeviche de Zeca. Banho de chuva. Beijo na chuva. Lua. Jogar pro alto. Sonho em noite de insônia. Primeiras vezes. A mesma frase dita ao mesmo tempo.
Ter saudades. Fazê-la doce em sua amargura. Sentar na janela do quarto. Aprender a andar de bicicleta. A entrada do aeroporto de Salvador. Acarajé no fim de tarde. Uma música de Moraes Moreira - mistura dos Novos Baianos. Ilhéus. Meninices. Casa antiga. Baralho. Pular na poça d’água. Carinho inesperado. Recitar versos. Borrar-se de amor.
É mágica, também. Acordes e letras dos quatro barbudos cariocas. Rasgar-se. Brincar. Pular em cima da cama enquanto berra o tom desafinado de O Vencedor. Ser palhaço. Entregar alegrias. Provar do licor de conto de fadas, do poeta. Bossa nova. Crises de insanidade. Vontade desesperada de falar com alguém - e apenas aquele alguém. Dividir-se. Somar. Multiplicarem-se.
Saber amizade. Ouvir o dizer: hoje lembrei de você quando. É provar solidão em conjunto. Comer uma goiaba furtada do quintal vizinho. Fazer macacada na árvore. Lamber a tampa do iogurte. Afago de um nariz no outro. Chico Buarque no som. Uma conversa que não termina nunca. Tapete mágico que aproxima suposições de céu. Não ligar em ser boba. Ser. Rir de si mesmo.
Toda bonita é a vida. Tão bom quanto compor uma música. Tão bom quanto escrever. Quanto chegar. Quanto um abraço. Contar dos sonhos. Da noite passada. Fazer mimetismos com o outro. Perder-se em si mesmo, olhos fechados resgatando lembranças. Uma peça dos Clowns de Shakespeare. A praça. Pacote de jujubas. Parque de diversões.
Porque hoje eu sorrio flores - é primavera (em mim)! Mora aqui a falta de gravidade. E o mundo, do lado de cá, pede exclusividade. O par de asas monta um bater incessante, e esse canto se faz pequeno para caber as cores todas. Tem muito céu desaguando sutilezas. Carrego o frêmito de sabê-lo infinito. As flautas voltaram a tocar, por fim. Sentimento passarinheiro. Vôo.
Vamos de mãos dadas?
Como você é chata! Posta e nananina de me avisar, né. ¬¬
ResponderExcluirVamos! ;}
ResponderExcluirLindo! Meus olhos estão completamente marejados. Tantas cosias boas que muitas vezes a gente nem dá muito valor e que são maravilhosas. Coisas simples que trazem uma felicidade tão grande. Fui lendo e lembrando, pensando, sorrindo, chorando...
Adorei :}
beijos
=***
Coisa mais linda é te ver voar, passarinhando tua paz, teus cafunés, teu chamego e teu descanso. Teu charme, as asas. Então nem tem como não querer te dar a mão pra voar junto, se enquanto te leio no céu me sinto. Bom demais te ver feliz, molhar na ducha com a gurizada, sentada na janela enquanto fala no cel comigo, ou narra os acontecimentos suspeitos da rua de trás. Ah, como essas pequenas coisas são preciosas, Jaya! Dessa vez um abraço apertado cairia muito bem. Até!
ResponderExcluirPosso confessar que chorei agora?
ResponderExcluirChorei mesmo, feito criança.
Carente como estou, tu ainda me vem com esse texto pra encher meu coração de esperança.
Pra fantasiar um vôo sobre todas as coisas lindas que ainda posso viver nessa vida.
Já te dei as mãos, viu? E não solto mais!
Obrigada por esse alento, flor!
Beijo, beijo, beijo!
Sim... vamos...!!
ResponderExcluirObrigada por me fazer voar contigo...
Beijo e mais beijos...
Vamos, de mãos dadas!!!
ResponderExcluirE não largo mais!Quem mandou me chamar??
Hoje tu tá inspirada, né?
Dois quase seguidos...e lindos demais!!!
Afe.
Beijos.
p.s.:eu queria tanto que tu, um dia, quem sabe, talvez, respondesse aos meus e-mails..mas é só vontade, então deixa.
Mandei e-mail agora.
ResponderExcluirLê que é assunto sério.
Humpf.
Com raiva de você.
Tudo isso é vida e vida a gente vive de mãos dadas.
ResponderExcluirProssigamos!
No mesmo ritmo para que o teu cabelo faça as mesmas ondas da minha trança.
Bjô!
Para a primavera? Dou as mãos, porque logo depois dela vem o verão...
ResponderExcluirE que os passarinhos continuem cantando no nosso céu. ;)
Bjitos!
Ai Jaya, eu ainda não tinha passado no teu canto novo. Super relapsa! Mas a surpresa quando paro para te ler é sempre boa, sempre consegues fazer um sorriso meu aparecer.
ResponderExcluirE aí eu vejo tanto de você em mim,queria muito te conhecer pra gente listar as coisas pequeninas mas tão lindas que despertam nosso interesse. Um dia, quem sabe.
Virei aqui mais vezes, é muito prazeroso.
Beijos
aaaaaaaaaaaaaaah
ResponderExcluiresplêndido.
eu já li esseeee!!
e fiquei triste quando você apagou.
poesia tua não merece ficar escondida, não.
se elas têm essas asas lindas, é pra passarinhar soltas nas nossas telas mesmo! sempre!
amutu.
beijo!
não precisa convidar duas vezes ...
ResponderExcluirBarulho de chuva como trilha sonora do sono. Amo isso, que me dá sempre uma paz indicritível, coisa mais maravilhosa do mundo.
ResponderExcluirMas como se fosse pouco, dona Jaya, tu ainda quis falar mais coisas bonitas, como se fosse necessário.
E ai fez com que andassemos por sensações tão agradáveis, nos lembrassemos de coisas boas que estavam meio apagadas da memória. Todas aquelas pequenas coisas do cotidiano que faz com que a vida tenha algum sentido.
Eu me senti como uma nova carga de vida quando li seu texto, quase voei em suas palavras. Imaginei cada coisa descrita, com sua prosa em verso que sempre me fascina.
E ai, fica até difícil comentar cada coisa agradável que você descreveu, minha amiga. Lamber a tampa do yorgute é o máximo, e doce de leite da avó é até covardia.
Senti até ar puro agora, que delícia seu texto. Me senti um garotinho, brincando em meio as plantas, em um jardim, onde cada coisa virava um brinquedo. Me senti parte integrante do mundo, como se cada vento fosse parte de mim.
Seu texto é mágico, Jaya.
Um grande abraço,
Átila Siqueira.
Claro que vamos, Jaya!
ResponderExcluirE é tão bom lembrar que tudo isso existe!
Tem horas em que nos esquecemos disso tudo, de todas essas maravilhas.
Ainda bem que você não esquece!
Bjoooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!
que delicia!!! que vontade de viver mais e mais
ResponderExcluirbeijoks
Coração batendo como bateria :) Primavera, voar .. adoro =) Jaya como já lhe disse; és poetisa! Versos pulsam em teu ventre loucos para nascerem, tais como sorrisos, como lágrimas, abraços, carinhos ..
ResponderExcluirVôe bem alto, o céu é pouco para quem sonha, é pouco para quem vôa, é pouco para quem teu um encanto tão belo quanto o seu.
Abraço,
R.Vinicius
Oi, Jaya.
ResponderExcluirEstou escrevendo um texto sobre alegria.
Isto que li, é a mais pura alegria.
Lindo.
És doce.
És um doce mesmo.
ResponderExcluirAs palavras, todas elas, vem derramando alegria pra quem quiser bebê-la. Tava sentindo falta de ler algo leve e feliz desse jeito.
É engraçado ver que nem é preciso muitas metáforas ou abstrações pra deixar um texto poético e bonito, como o teu.
*ah, eu acho que enxerguei as coisas de um outro jeito, haha. Sou do Pará, acho que seria... a bochecha direita, ou algo do tipo. :)
Jaya volta logo :) Estou aguardando o próximo post. =)
ResponderExcluirAbraço,
P.S- Postei o último
poema.
R.Vinicius
É lindo, leve e puro o seu texto.
ResponderExcluirLembra a infância que eu não tive mas com a qual sempre sonhei. Queria viver todas essas frases que acabei de ler. Cada uma delas e saborear o gosto bom de ser passarinho...
Vamooooooosssss!!!!!!!!
ResponderExcluirBeijos
felicidade.
ResponderExcluirquanta palavra bonita.idéia da Boa.e com B maiúsculo.
mais teatro mágico-tu surpreendeste
=)
flores.
Acordes e letras dos quatro barbudos cariocas.
ResponderExcluirAh, isso é lindo demais.
Amei o que tu escreveu. É grande, mas como tudo que tu escreve, vai embalando a gente e quando vê, infelizmente acabou!
:*
"Ter saudades. Fazê-la doce em sua amargura."
ResponderExcluiradorei isso.
fique à vontade. as invasões são sempre bem-vindas. =]
fico surpreso em saber que já me ouviu! me conte sobre isso, okay?!
beijo.
Você conseguiu reunir, em poucas e breves linhas, todas AS MELHORES COISAS DA VIDAAAAAAAAAAAAAAAA.
ResponderExcluiradoroooooooooooooooooo
=)
Conheci o seu canto e até li as 101 coisas que não sabiam sobre você; obrigado por sua visita e volte sempre que quiser!
ResponderExcluirPoucas pessoas conseguem reunir tantas verdades em um só texto; você conseguiu. E por falar em Passarinho, insisto em dizer novamente que poucos sabem voar.Você sabe voar!
"Jaya cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!"
ResponderExcluirÓtimo final de semana :)
R.Vinicius
É. Aqui no teu blog mora mesmo a falta de gravidade. E ela acompanha a gente mesmo depois que saímos.
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