Teus olhos são como dois girassóis, só se demoram onde clareia. Ou talvez eles façam clarear tudo onde permaneçam pousados. Apontam todas as coisas bonitas, pois não se demoram em nada que não faça carinho em suas pálpebras de guardar poesia. Teus olhos sorriem, Mariazinha, porque sentem o que carregam. E o que você permite ser carregado não é nada além da seleção ingênua das coisas incríveis de uma vida onde tudo é novidade. Uma vida começada, inocente, de imaginar.
Dentro da tua alma,
tudo é muito limpo, muito alvo: todas as coisas brilham nessa tua casinha de
ser. Tudo o que te habita, Maria, não cansa. As emoções brincam o dia inteiro, para te despertar, e as histórias que te adormecem transformam-se em sonhos
meninos que se empilham sem ordem nenhuma durante o teu anoitecer. Você
floresce enquanto dorme, pequena. Na desordem das tuas fantasias, teu corpo
flutua num céu manso de ventos leves. Tua alma voa.
Quem me dera,
menininha, minha vida fosse desenhada por tuas mãos. Quem me dera coubesse um
coração torto, como nos teus traços, em todos os meus caminhos. As estradas às
vezes trazem sentimentos que atropelam e eu queria que no meio de tudo pudesse
aparecer uma ponte, pra gente pular para a parte feliz, com todas as
possibilidades, como nas tuas pinturas. Quando você aquarela eu acredito em tudo
aquilo que parece não concordar.
Às vezes te vejo ansiosa,
antecipando o futuro, imitando displicentemente tudo o que hoje vê espelhar em
mim. Não tenha pressa, dona Maria. Envolva-se em todos os teus momentinhos, vai
sempre ser tempo de chegar preparada para o próximo. Ser grande nada tem a ver
com tamanho ou com idades avançadas, saiba. Ser grande é medida interna, é
tamanho que só tem quem deixa o coração tomar conta do inteiro. Ser grande é
pra quem tem coragem de amar, Maria. Pra quem consegue ser.
Você é.
Que nunca te falte a
capacidade de se emocionar, eu peço. Seja com uma flor se desprendendo do galho
da árvore, seja com um passarinho cantando no poste de uma cidade barulhenta e
cinza, seja por uma felicidade
muito grande, seja por uma saudade. Por que a gente sente saudades? É porque
existiu algo tão bom de se viver, minha Maria, que, quando acabou, a lembrança
deixou tatuado no avesso da gente. Eternizar? Está eternizado, pequenina. Até mesmo a ausência é uma coisa que está comigo, um outro moço escreveu. Então,
tranquilize-se, tudo o que se ama dura, mesmo quando não durar. Vira pedaço.
Mora na cortina dos olhos, pendurado nos cílios. Ao fechá-los, tudo vira filme.
A memória é tela.
As pálpebras, Maria, são baús das nossas maiores relíquias. Não importa com quais olhos enxerguemos porquê, até mesmo aquilo que não podemos ver, vira história guardada, se o coração sentir. Então pendure-se nas entrelinhas, minha docinha, e salte em todas as poesias que te couberem. Se ficar pequeno, aumente um verso. Se sobrar espaço, distribua amor. Rega tua vida com o coração. Colha todas aquelas flores. Deixa o céu empoeirar-se de estrelas.
As pálpebras, Maria, são baús das nossas maiores relíquias. Não importa com quais olhos enxerguemos porquê, até mesmo aquilo que não podemos ver, vira história guardada, se o coração sentir. Então pendure-se nas entrelinhas, minha docinha, e salte em todas as poesias que te couberem. Se ficar pequeno, aumente um verso. Se sobrar espaço, distribua amor. Rega tua vida com o coração. Colha todas aquelas flores. Deixa o céu empoeirar-se de estrelas.
Brilha.
Para as minhas: Amanda e Rebeca.
Ontem eu estava relendo os textos antigos do Líricas. Vezenquando faço isso, quando sinto que preciso de alguma coisa doce.
ResponderExcluirDoce tipo esse texto. Mesmo depois de tanto tempo sem postar aqui, tu não perdeu o jeito, não diminuiu a capacidade de escrever amor.
Tu é demais, mulé. <3
Ah, que delícia ver um texto novo por aqui, quentinho, cheio de afeto...
ResponderExcluirVim aqui buscar um descanso pro cinza dos dias, vim aqui buscar uma cor, um carinho, uma leveza... Encontrei.
Um beijo, Jaya.
Eu nunca deixei de vir. Você sabe. Porque eu nunca perdi o costume de ler seus textos pra tranquilizar o coração.
ResponderExcluirEsse texto, com toda essa sua doçura e delicadeza, me colocou no lugar, hoje. Me ajeitou. Sabe? Me fez um carinho necessário, no meio de um dia todo louco. Ninguém faz isso melhor do que você, fia. Ninguém mesmo.
Te contar que o quinto parágrafo eu vou imprimir e colocar no bolso. Porque é o tipo de coisa que eu quero levar pra vida. Coisa mais linda.
Você é foda pra caralho, nega! E eu quero mais.
Uns beijos. <3
Sempre são tão inspiradores seus texto, acabo por ter vontade de escrever também e atualizar o blog! Parabéns.
ResponderExcluirEntrei aqui por acaso, trazida por algum blog em comum. Que surpresa boa, que jeito leve de escrever. Voltarei mais vezes. :)
ResponderExcluirVocê me poesia, Jaya.
ResponderExcluirFiquei tentando encontrar alguma que possa ser dita a alguém que sempre, sempre, sempre, consegue dizer tudo. rs
ResponderExcluirAmo suas palavras, de verdade.
O texto tá todo magnifico, mas querida mandar um coração especial ao quinto parágrafo que eu li 300 vezes já, em separado, porque...PORRA! rs
Linda, tu!
FICA FREQUENTE, VAI. te pago tudo em amizady rs
:*
Impossível o dia não ficar doce com as suas letras, dona Jaya Maria.
ResponderExcluirEsse lugar aqui é refúgio.
<3
Conseguiu alegrar meu dia <3
ResponderExcluirQuando corro meus olhos neste espaço da vida, escuto o som dos teus dedos no teclado digitando Líricas palavras. Não consigo deixar de ficar, não caibo na imensidade de sonhos e emoções aqui deixadas, meu vazio fica cheio!Mistura, cala e grita meu ser em mim...Fica "um amor desmedido, uma vontade de acontecer".Descubro que sou o horizonte!
ResponderExcluirMuito Obrigada Jaya.Beijos!
Olha, Jaya-Maria, eu definitivamente preciso de um exemplar do teu livro pra ter mais acesso a essas doçuras no meu dia-a-dia.
ResponderExcluirVocê é um amor, te sinto em palavras.
Atualizei meu blog pra tu ver.
Meus versinhos estão se resumindo ao meu amor-de-todas-as-estações.
Você tem razão, tô toda gayzinhabobaapaixonada, hahaha. Mas tá bonito!
;*
Quase sempre me perco com teus textos, teu poema... Ler "Jaya" é ler vida, é ler do que as pessoas não falam mais, mas pensam. Te leio desde 2009 e volto aqui sempre que preciso de algo doce, mas forte. Gostaria que soubesse que teus textos me inspiraram a escrever. Lendo você eu pude escrever de mim, das coisas que me trazem vida. É um misto de tudo que há de bom com tudo que eu quero "ser quando crescer". Você é luz Jaya. Pra você, tudo que há de bom e mais um pouco! Não nos prive por tanto tempo sem teus textos. Como você disse em um verso de 2009, pra ser mais exato em "Qualquer coisa que pulsa", os teus dedos estão melados de amor!!!!
ResponderExcluirMuita luz Jaya,
B.Oliveira
Meu Deus Jaya! Que amor, que ternura!
ResponderExcluirQuanta poesia num texto só.
Tenho uma pequena Maria de 15 anos, vou imprimir e mandar pra ela! ♥
Um beijo gigante e obrigada por engrandecer meu dia com estas linhas maravilhosas.
Que delícia que é te ler...
ResponderExcluirSeu texto tão gostoso...
Cheio de sentimentos e dengo...
Ahhh... Definitivamente, apaixonante!!!
Adorei te ler outra vez...
Bjo, bjo!!!
P.S.: Meu blog mudou, agora você me encontra no http://mesmiceseepifanias.blogspot.com.br
Tem como te ler e não te amar?
ResponderExcluirR: Não tem!
♥
Que doçura este texto. Doce sem ser meloso, claro. Mulher, depois da tua queixa, escrevi um texto lá no Fragmentos. Prometo tentar manter um ritmo. Espero que consigamos, todas.
ResponderExcluirPor que parou? Parou por quê? Pare não.
ResponderExcluirOlá, Jaya. Pois é, sou eu mesmo, de volta à Blogosfera, como dizem por aí. Estava com saudade desse pedaço de mim. E cada palavra sua foi um gatilho de boas lembranças e sentimentos. Muito bom retornar a ler você.
ResponderExcluirEsse texto, em especial, já li com uma amiga em mente. Ela tem o mesmo nome da interlocutora do eu lírico (será que acertei nesses termos literários? haha). Vou indicar para ela, que vai adorar, com certeza.
Em meio a tantas metáforas e passagens lindas, destaco duas que me fizeram pensar ou me tocaram de uma forma especial.
A primeira é a ponte. Essa imagem carrega consigo a ideia de união. Um lado ao outro. Mas aqui o eu lírico quer pular para a parte feliz. Fiquei pensando se essa parte estaria do outro lado do rio. Mas pelo verbo "pular", acabei acreditando que seria o próprio rio. Não sei qual foi a intenção original, mas gostei muito da ideia de pular da ponte. Parece um contrassenso, mas me soa verdadeiramente feliz. É quase a "terceira margem" do rio, de Guimarães Rosa.
A segunda é (ou são?) as pálpebras como "baús das nossas maiores relíquias". Não me lembro de ler alguém tratando as pálpebras com tanta atenção - geralmente ela é toda dos olhos, de ressaca ou não. É claro que estão intimamente ligados, mas gostei do destaque da ideia de envolver e guardar as preciosidades que vemos ou sentimos.
Como sempre, muito bom! =)
simplesmente lindo! (:
ResponderExcluirVim registrar minha saudade de te ler
ResponderExcluirwww.expressopradois.com