Duas taças de vinho e a pouca luz iluminando tuas curvas: meus olhos iam lentamente desenhando teu corpo. O jeito que só você tem de me olhar, uma retina delicadamente eufórica, tuas cores escuras clareando meus tons que mudavam de acordo com as chamas penduradas nos teus cílios compridos. Camaleoa, minha pele suava vermelha de vontade de enlaçar teus braços ao redor de toda essa minha estrutura frágil e desejosa de amor.
Um movimento de encaixe e teus dedos fazem luvas dos meus, enquanto a possibilidade de olhá-lo de perto me entrega a sensação de que qualquer lugar no mundo não faz sentido algum se não tiver o teu hálito quente envolvendo minha orelha enquanto sussurra palavras cheias de asas e faíscas que, ao penetrarem meu lado de dentro, rasgam todas as poesias mansas e rabiscam em todo o meu interior letras que combinam com o torpor de um instante onde ser mulher é uma das coisas mais intensas que o universo me permitiu saborear.
Você me encosta contra a parede e ensaiamos uma pintura despudorada de uma tela assimétrica, sem contornos, de cores loucas querendo saltar para contar sua versão dos sentimentos que permaneceram ali, borrados, enquanto nossos passos dançavam um ritmo que se inventava naquele instante onde tudo era muito dominado pelas linhas de paixão que nos costuravam um no outro. Amar nunca foi tão fácil.
Eu bebia você em goles ansiosos enquanto nossas línguas entregavam o doce de se tocarem tão afinadas nas partituras de nós dois. Você me respirava como se a primavera houvesse derramado suas flores em meus poros. Teus lábios na minha nuca e meus pelos acordando muito curiosos, procurando enxergar a novidade de um despertar tão urgente. Duas taças de vinho, já vazias, agora procuravam meios de rechear-se com tudo o que transbordava naquele espaço. Nós dois já muito perdidos em nós dois, não entendíamos mais de finais e começos, conectamos nossas metades e tudo passou a ser sempre infinito.
Dentro de mim, você fazia músicas que melodiavam coisas sem nome. Coisas que pulsavam no meu peito com a mesma força com a qual minhas unhas arranhavam tuas costas – tatuando versos que ardiam, doidos e doídos. Dentro de mim, você levava tudo o que não falava de vocêeeu, você deixava toda aquela paz. Todo aquele azul. Dentro de mim, você se deixava – e o seu peso em cima do meu corpo quente fazia brotar asas em nós dois, que nos elevávamos entre sorrisos e euteamos trocados em meio a dois corações que não sabiam mais parar de conversar, tão empolgados e altos depois do amor que souberam fazer.
Minutos depois, o sol clareou toda aquela noite escura e de pouca luz. Seus raios de festa fotografavam nossa pose final, entre pernas e braços confusos, onde já não se sabia mais quem era quem. Um nó, depois de todos aqueles laços. Porque éramos um.
Somos, vocêeeu, um: nós.
Tá com aquela doçura bem Jaya de ser, mas com uma pegada que nos rouba o fôlego. Perfeito, Jaya. Como só você poderia escrever.
ResponderExcluirBeijo doce,
Mafê.
Minhafilhadocéu, e agora?
ResponderExcluirSabe quando um texto salta da tela, quando ele toma vida, corpo, alma? Sabe quando um texto vive? Então... Esse texto tem vida, é todo sentimento. Esse sentimento louco, urgente, quente, intenso e muitomuito, muito bom. As palavras somem, porque o que mais a gente consegue lendo esse texto, é sentir.
Coisa mais linda foi o que você fez aí hoje, nega. Coisa mais linda.
Sdds fôlego.
Uns beijos,
Ty.
<3
Eu só consegui suspirar com o teu texto e desejar um amor tão sereno e intenso quanto esse teu. Você me inspira, Jaya. Eu te amo!
ResponderExcluirCara, eu venho aqui querendo dizer (escrever, no caso) um monte de coisas bobas e bonitas pra tentar expressar o que sinto quando te leio, mas o máximo que consigo dizer é que sou teu fã.
ResponderExcluirTem tanta verdade na tua prosa, que a gente fica meio perdido no mundo, tentando entender o que aconteceu. E sabe o que aconteceu? Você. Você e o seu dom. Você e o seu talento. Você e a sua palavra que arrebata e salva.
Obrigado por não nos deixar órfãos.
Um bocado bem mais maior de grande de saudade.
Te quero bem.
Você sabe tingir o amor na alma, nas letras, no compasso do dia a dia. É bonito a intensidade, o aprofundamento natural que você faz, pincelando os afetos de modo tão leve e verdadeiro. Jaya, você sempre capaz de extrair os melhores suspiros do amor.
ResponderExcluirLer-te é um bem danado.. =D
Cadê o ar?
ResponderExcluirEsse ritmo não me dá nenhuma chance de dizer palavra. Então suspiro.
Que texto mais lindo, intenso, de tirar o fôlego!
ResponderExcluirJaya sendo Jaya. Lindo demais!
ResponderExcluirSentia (e sinto) saudades, negrita. Um abraço esmagador.
Estou babando aqui, produção!!!
ResponderExcluirComo assim, acabou?!
Que delícia chegar aqui e encontrar seu cantinho com esse texto pra lá de delicioso...
Amei, Jaya!!!
Um beijo!!!
Nossa, sem fôlego para o seu texto! Parabéns!
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