Não ama quem não tem fé, quem nunca enviou aquele axé, quem nunca exaltou o amor. Não ama quem tem medo de ser pleno, de se perder no outro e ver o sentir ameno, sem ter noção da dimensão do amor. Não ama quem nunca foi ao cinema lotado, só para poder beijar mais demorado, fazer um carinho mais ousado, ficar mais íntimo da intimidade do amor. Não ama quem nunca deu um abraço eletrizado, que deixou o corpo inteiro eriçado, assombrado pelo fantasma do amor.
Não
ama quem tem preconceito, quem não entende que se apaixona de qualquer jeito,
seja qual for a cor, o sexo, a religião do amor – a maior religião é sempre o
amor. Não ama quem nunca dançou juntinho, numa praça, no meio da sala, no
escurinho, sem música nenhuma e no exato ritmo do amor. Não ama quem não vai
nunca pra cozinha, e em meio a tanta ladainha, prepara coisinhas gostosas pro
amor. Não ama quem nunca leu Vinicius e de tanto ouvi-lo falar da bem amada, quis ser a eterna namorada, mesmo quando
não havia ainda nenhum amor. Não ama quem não passa o fim de semana na cama, num belo ciclo de ama e desama, se perfumando do outro e fazendo amor.
Não
ama quem não conhece o mar, quem acha que é preciso saber nadar, e não mergulha
nunca nas águas do amor. Não ama quem não sai por aí de mãos dadas, tomando
qualquer caminho e dando muita risada, causando inveja no mundo por tamanho
transtorno de amor. Não ama quem não sente ciúmes, quem não fica de cara
fechada quando o outro vira pro lado e dá aquela olhada, se distraindo então
do amor. Não ama quem nunca pegou uma caneta, de maneira prática e improvisada,
e fez um poema ou uma crônica ousada falando do seu amor. Não ama quem nunca
criou apelidinhos, amor, môzi ou benzinho, carinhos para tratar o amor. Não ama quem não tem liberdade, quem não sabe que a vida é prioridade e é muito melhor viver de amor.
Não
ama quem tem frescura, quem se preocupa com a cura, e não se doa, com loucura, ao
amor. Não ama quem não deixou a blusa marcada algum dia, em meio a todo o samba
e poesia, quando o coração desmanchava em alegria ao ver passar o amor. Não
ama quem nunca sentou à mesa do bar e engoliu, de virada, todas as borboletas
desgovernadas que caíram naquele copo de cerveja gelada que refrescava o amor.
Não ama quem sai apressado, tão rápido que nem olha pro lado, deixando no meio
da rua ser atropelado o amor. Não ama quem cria receita, segue passos e a
realidade rejeita, achando que vai encontrar no sonho a verdadeira face do
amor. Não ama quem não tem asa, quem não faz do mundo sua casa, quem não voa no céu azul infinito de amor.
Não
ama quem nunca chorou, quem nunca sofreu ou se rasgou e encontrou no outro um
afago de amor. Não ama quem nunca fez um manifesto, quem nunca ensaiou um
protesto, exageros para chamar a atenção do amor. Não ama quem não é bom
sujeito, quem trata o outro com desrespeito, não lhe entrega rosas nem
presentinhos de amor. Não ama quem não tem paixão, quem não olha pro outro com
tesão, vive uma eterna combustão de amor. Não ama quem não sabe falar baixinho,
chegar junto, fazer um denguinho, encher de beijinhos o amor. Não ama quem não
faz do outro alimento, casa histórica, monumento, e propõe em pensamento:
que tudo ali seja tombado de amor. Não ama quem tenta dar nome, quem sente e de
uma vez não assume estar absolutamente consumido pelo amor.
Não
ama quem nessa vida lascada, com tanta bobagem padronizada, não se permite caminhar na estrada para viver o grande amor.
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Escrito
depois de transbordar em poesia
ao (re)ler, hoje, pela infinitésima vez,
Para
Viver Um Grande Amor - saravá, Vininha! -
e
querer brincar de ser Poetinha.
Visceral, inquietante, límpido.
ResponderExcluirGosto da sua classe ao escrever.
Que doçurinha! E tão verdade isso. Umas partezinhas vieram me dar na cara, sutilmente. O fim, principalmente. Esse trem de grande amor.
ResponderExcluirComo pode ser tão linda, Jaya? É sempre doce demais te ler ♥
Jaya, vim até aqui responder teu comentário de lá. Fiquei feliz pra caramba de ver teu recadinho, sabe como? Você sempre me deixa meio boba com as coisas que diz, e isso vem desde os primórdios. Feliz 2017 pra gente ♥
ResponderExcluirPS: Sim, devo. Vamos fazer. Além daqui, onde mais te encontro?
me chama no e-mail feprobst@gmail.com ou pede meu Whats pra Pam ♥
Jaya,
ResponderExcluiresse é o texto mais delicinha de ler dos últimos tempos. Eu acabei de ler e o sorriso besta ainda tá aqui, grudado no rosto.
Você é foda demais em tudo o que escreve. E foi foda mais uma vez, nessa brincadeira gostosa de hoje.
Será que eu achei o seu mais bonito que o de Vinicius? (Fica aí o questionamento). Hahaha.
Obrigada pelo momento mais leve e docinho do meu dia. Eu tava muito precisando.
Beijo em você,
Ty
Sempre me arrebata. Você, Jaya, é coisa assim fora de alcance. Luz que reluz. Obrigada por esse texto, que me caiu num momento tão oportuno. O Amor é o meu Deus, também.
ResponderExcluirSuas palavras cheias de poesia, como as adoro...!
ResponderExcluirNão ama quem lê um texto assim e não devaneia, sonhando ou lembrando, amando outra vez.
Que coisa linda.
ResponderExcluirÉ sempre tudo que eu desejo a todo mundo: amor.
É tanta gente vivendo coisas vazias, invejando o amor do coleguinha, mas só tem o amor quem sabe amar e se amar principalmente, né?!
Flores pra ti, nega. E amor, muito mais amor.