Um dia, alguns textos sentiram muita vontade de serem tatuados em papel.
O resultado foi esse:
Fotografia: Lilian Higa.
Fomos inicialmente publicados pela editora Penalux, em 2012, com reimpressão independente de uma nova remessa em 2020. Atualmente, o mesmo livro está disponível na versão e-book, em formato PDF, e você pode adquiri-lo clicando aqui.
Deixo abaixo a apresentação que escrevi para ele, o Líricas:
Nasci
sensível ao mundo, numa quinta-feira à noite. Talvez desde o primeiro instante
tenha aprendido a pinçar a poesia que os outros deixavam cair por aí, sem notar.
Mais tarde, aprendi a abrir palavras. Aprendi a tirar delas o sentido que me
fosse mais adequado para preencher a folha em branco. Trazia sempre comigo a
chave, outrora questionada por Drummond.
Pousava em cada uma delas, as palavras, meus vários olhares, em troca da
exposição de suas várias faces.
Líricas surgiu
então como uma maneira de enxergar. Surgiu como uma aquarela escrita, uma
tentativa de abraçar o papel, de amanhecer. Surgiu como uma maneira de
envelopar o que o coração sente de mais bonito para ser entregue a quem
caminhar entre as vírgulas soltas naquelas frases. Surgiu como um nó dado após
alguns curtos anos de publicações soltas em um blog pessoal homônimo.
No
espaço mencionado anteriormente, as letras descobriram interações. Dançaram ao
som das várias vozes que por ali passaram. Souberam colocar-se em meio ao
sem-fim de carinhos que vieram emoldurar cada ponto final reticente. E em meio
a tanto zelo e cuidados recebidos de tantas mãos, chegamos ao momento presente.
Um livro. Lembrança. Maneira mais eficaz de agradecer aos que nos trouxeram até
aqui.
As
palavras expostas nesses textos são, inevitavelmente, a coletânea do que me foi
deixado, do que me forma, do que ainda está me sendo entregue. São frutos de um
coração que sente tudo o que eu sonho como se fosse real, como também já sentiu
Pessoa em algum verso. E mesmo que entre um intervalo e outro eu acabe fingindo
o que não sou, lá estou.
Escrevendo
sou possível. Aconteço.